quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Equívocos

A vida é movida a equívocos. Alguns trágicos, alguns felizes. Todos equívocos.

Aquele melhor amigo que você um dia odiou. Aquele que você não tem mais contato, mas que já foi seu melhor amigo. A paixão que te consumiu e hoje te enoja. A questão que você respondeu com toda a certeza do mundo e errou. A questão que você chutou, sem ter a mais vaga ideia do que estava escrevendo e levou o ponto inteiro.

Acho bobagem acreditar no acaso. Os equívocos acontecem por uma razão, não é?

O exemplo mais recente é a minha própria estadia na Holanda. No mesmo período de inscrição para o processo do Ciência sem Fronteiras (o qual eu estava com uma preguiça imensa de tentar), eu tinha feito duas entrevistas para uma multinacional francesa e uma alemã. Na entrevista para a multinacional francesa, eu fui perguntado se eu tinha vontade de fazer um intercâmbio, passar o tempo fora. Nesse momento, me perdi.

Olhei para cima - denotação clara de imaginação na linguagem corporal - e disse sim. Fomos para outras perguntas e explicações, mas ficou nítido nos meus olhos toda a história que tinha passado na minha mente, tudo que eu imaginei, tudo o que eu queria viver. Um simples, rápido e modesto sim foi o suficiente para que eles entendessem. No final da entrevista, a sentença: Corra atrás desse sonho, lute para conquistá-lo. Quem sabe, ele só está esperando você abrir os seus olhos para ele.

A única clareza naquele momento foi de não ser aprovado para o estágio. Recebi a resposta negativa da indústria francesa poucos dias depois e da alemã, 1 semana depois. Fiquei arrasado. Irônico e sarcástico, como de minha natureza, pensei: É um sinal. É um sinal de que eu tenho que tentar esse intercâmbio, vai que isso é só uma forma de me dizer isso? ri. E fiz a inscrição que, ironicamente, estava atrelada ao meu fracasso em conseguir um dos estágios.

Chasing Pavements, eu disse. Por que eu continuava lutando por algo que eu sabia, sentia e previa que nunca chegaria? Que eu nunca conseguiria alcançar? Mas eu fui em frente, disposto a dar murro na ponta da faca mais afiada que enfrentei nessa vida. Disposto a dar o outro lado da cara a tapa.

Finalizar inscrição? 

Inscrição finalizada com sucesso.

No dia seguinte da finalização da minha inscrição, durante outra entrevista, menos importante, recebi uma ligação: a multinacional alemã tinha aberto outra vaga, e eu fui selecionado para essa vaga. Sorri, feliz, surpreso e sem saber o que esperar mais dessa vida. Nada tão bom poderia acontecer comigo durante um bom tempo.

Equívoco.

Equívoco que eu demorei alguns meses para entender e perceber: eles não acontecem por acaso.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

3 meses

Ontem fez exatamente três meses que eu peguei o primeiro avião da minha vida. Lembro perfeitamente da sensação de montanha russa ao decolar, do tédio depois da primeira hora de voo rumo ao desconhecido. Lembro, ainda, de como achei a comida do voo bem apimentada, porém, gostosa. Lembro da minha vida em um novo idioma começar logo ali, tendo que pedir water pela primeira vez, ao invés de água; orange juice, ao invés de suco de laranja.

Lembro da aterrissagem e das lágrimas descendo assim que dei o primeiro passo no Schiphol, o aeroporto internacional dos Países Baixos. Lembro da primeira foto no I Amsterdam e como aquilo representava a realização de tudo que eu tinha sonhado durante tanto tempo.

Lembro também da primeira vez que fui expulso de uma boate, no primeiro dia aqui. Da primeira frustração por não ser europeu, lembro da primeira vez em que não soube falar alguma coisa e inglês e tive que assumir isso para os meus colegas, que riram e disseram: That happens to everybody, all the time. Lembro das primeiras palavras de incentivo que dei para pessoas que eu mal conhecia e das primeiras palavras de incentivo que recebi.

Lembro do primeiro abraço, do primeiro flerte e do primeiro beijo. Da primeira vez que dormi fora. Da primeira vez que me perdi, me encontrei e me perdi de novo. Do primeiro tombo de bicicleta e da primeira ida ao médico, depois ao hospital e depois ao médico de novo. Da primeira vez que acordei ao lado de um desconhecido que se tornou um grande amigo.

Da primeira palavra em holandês. Da primeira ida ao supermercado e da primeira sensação de O que diabos eu estou fazendo aqui?

Provavelmente, ainda estou na lua de mel com a Holanda. Provavelmente, ainda vou decepcionar e surpreender muito.

Lembro ainda de, como olhando para trás, pensando em tudo que eu vivi no Brasil, eu era feliz. Apesar de tudo, eu era feliz. Mas, sem erro, posso dizer que, hoje, sou mais feliz aqui.

Foi aqui que me encontrei. E é daqui que não quero mais sair.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Parijs #2

O primeiro dia em Paris foi, como deveria ser, incrível. Eu cheguei às 5:42 em Paris, de busão, após quase 7 horas de viagem da Holanda. Teria sido tudo lindo caso não tivesse uma turminha de brasileiros extremamente conveniente cantando até às 3 da manhã, impedindo todo mundo de dormir. Depois de demorar horas para encontrar o metrô, entender onde eu estava e para onde eu iria (o metrô de Paris funciona maravilhosamente bem, mas não é nada noob friendly).


Cheguei na casa do Fer às 7:15, colocamos o papo em dia, e saí de lá pra vida meio-dia. E entrei nesse mundão que é Paris. Cidade linda demais.


O primeiro choque, para mim, reles falante de duas línguas, foi que os parisienses não gostam/não sabem/não querem falar inglês. Teve gente que SE RECUSOU a falar inglês comigo. Óbvio que existe toda uma questão cultural (vale lembrar que, das três cidades mundiais, Paris é a única que não é anglófona), mas foi meio chato para mim. Naturalmente, como toda pessoa bem relacionada, estava com amigos que falavam francês :).

No primeiro dia, o roteiro foi simples: Louvre e Notre Dame. E wow! Eu literalmente me perdi no Louvre umas 342342 vezes. Mas quem disse que reclamei? Cada seção era mais linda que a outra. Claro que vi a Gioconda (Monalisa) e a Vênus, mas o Louvre tem tão mais a mostrar. Sinceramente? É um programa pra semana inteira! 


A catedral é belíssima também!


Me despedi de Paris em grande estilo: Torre Eiffel (que descobri que sempre falei errado), Arco do Triunfo e Champs-Élysées. Faltou ainda o Palácio de Versailles e Moulin Rouge.


Essa foi minha visita ultrarrápida à cidade da luz. Paris é belíssima mesmo nos seus defeitos (por exemplo, a cerveja que custa €5 euros na boate. E eu reclamando de Amsterdam que era €2,80). Eu volto pra ver o resto da cidade e sentir um pouquinho mais da vibração francesa.

Je ne regrette rien...

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Parijs #1

Hoje farei minha segunda viagem internacional (a primeira foi vindo para cá, haha) - se bem que aqui na UE é apenas considerado um vôo doméstico - para Paris, em holandês, Parijs (pronuncia-se algo entre Paráis e Paréis).

A primeira etapa para visitar a cidade da luz foi concluída: passagem em mãos, abrigo (obrigado Fêr!!) e malas prontas.

Il ne manque que parler français!

(post deveria ter ido online na Sexta passada...)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Amor de Plástico

Vocês não têm noção do que é viver em um país onde você se apaixona a cada esquina, do professor ao caixa de supermercado.

Vou dizer: não é fácil.

sábado, 6 de outubro de 2012

Be Open-Minded


Naturalmente, coisas ruins acontecem em todo lugar. E tem gente escrota em todo o lugar também.

Eu estive em uma maré ruim, digamos. Sofri um acidente sério de bike (Holanda é o país das bicicletas e haverá um post sobre isso em um futuro muito próximo) que, infelizmente, foi minha culpa e o holandês que se chocou contra mim, ao me ver no chão, todo arrebentado, só ficava repetindo que não tinha sido a culpa dele. Mas eu continuei no chão até conseguir me levantar e ir, sozinho, carregando a bike para casa.

1 semana depois eu sofri outro acidente (entendem a maré ruim?) dessa vez não por minha culpa, mas ninguém se machucou. A diferença foi que o holandês dessa vez, ficou mais preocupado comigo que com a bicicleta dele, que não ficou das melhores.

Independente disso, existem pessoas estúpidas em qualquer lugar. Porém, eu, bobo que sou, acreditava que quando você topa fazer um intercâmbio, você topava fazê-lo de cabeça aberta. Você vai para um país completamente diferente do seu, rumo ao desconhecido. Você sabe que pode encontrar coisas que não gosta, ou descobrir coisas que nunca imaginou existirem. Entretanto, não importa como, eu acredito que, quando você faz intercâmbio, topa dialogar com isso, com o diferente.

Aparentemente, como eu descobri, nem todos pensam assim.

Fui a um congresso importante em Lunteren (vibe Águas de Lindóia, ou seja,  para que os participantes, de fato, compareçam ao invés de ficar de turismo). O professor colocou os roommates de forma randômica, mas deixou claro que se alguém não se sentisse confortável, podia trocar. Até o dia do congresso, ninguém se manifestou.

No primeiro dia, perto do concurso de PhD (que parecia mais um stand-up, dado o formato MUITO FELIZ que eles usaram para competição). Eu ouvi uma história que me deixou muito puto: um colega de curso, ao descobrir que seu colega de quarto era gay - por conta do álcool da descontração da conversa - pediu imediatamente para o coordenador trocá-lo de quarto.

Ele é muçulmano, egípcio e a postura dele é, obviamente, entendível. Mas é aceitável? Claro que diante de um contexto cultural enraizado durante séculos, é difícil aceitar coisas que você foi ensinado desde criança que eram erradas e inaceitáveis, mas...Por que a Holanda, então? Por que escolher um dos países politicamente mais liberais do planeta? Por que se colocar em uma situação que você não está preparado para tentar entender, ver por outro ângulo?

O mais irônico, sabe qual é? A Holanda tem um preconceito muito forte contra muçulmanos, especialmente os marroquinos. Imagina se fosse o contrário. Se o holandês tivesse feito a cena por ele ser muçulmano. Como seria a situação?

Fica a reflexão.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Meu xodó

Para tudo que meu bebê lindo chegou ontem!



Eu estou que nem uma criança aprendendo a mexer (touch é absurdamente difícil!!!) e baixar apps que todo mundo sempre falou (inclusive esse que vocês estão pensando), enfim. Estou MUITO feliz. E sabem quanto custou minha felicidade? €130,95.

This is Europe!


domingo, 23 de setembro de 2012

Going Dutch #1

O impacto cultural na Holanda é muito...impactante.

E ele vem rápido.

Como eu disse antes, eu nunca tinha viajado de avião e, não tão obviamente assim, nunca tinha ido no aeroporto. Eu achei o Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão-RJ) enorme e razoavelmente mais bonito do que eu imaginava. Então, eu cheguei no Schiphol. Meu primeiro choque: o Galeão é uma rodoviária, praticamente.

Minha hostess foi me buscar de carro no aeroporto, saímos rapidinho de Schiphol (que, na verdade, é considerada outra cidade e não Amsterdam) e pegamos a autoestrada. Nesse tempo, claro, já deu para perceber o quanto o trânsito é diferente: bicicletas e carros não dividem exatamente o mesmo espaço, mas se cruzam o tempo inteiro (aquilo pareceu uma loucura para mim). É necessário muito mais atenção do que no Brasil, apesar de que os motoristas holandeses me pareceram mais competentes.

Ao chegar em casa, outro choque: aqui, é bem incomum você ter apenas um banheiro, geralmente, você tem um lavabo (vaso sanitário com pia...ou não) e outro banheiro com o box e a pia, para tomar banho e deixar a máquina de lavar, geralmente. Então, visualize a cena escatológica de fazer cocô em um lavabo, sair, abrir a porta em direção a um outro banheiro que pode ficar até em andares diferentes (!) para lavar a mão. Ou, pior, lavar a mão na cozinha. É, não é muito legal.

Além disso, na Holanda, não se almoça. I mean it. Eles só fazem uma refeição quente por dia e essa refeição é, geralmente, a janta. O almoço é feito de sanduíches com todos os tipos de pastas, queijos, presuntos, carnes e patês acompanhados de eventuais saladas e com a mais diversa variedade de sucos possíveis e imagináveis (da vibe abacaxi com coco e manga com limão e morango).

Típico almoço holandês.

Esses, obviamente, são os impactos mais práticos.

O verdadeiro "Go Dutch" ainda estava por vir.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Brave New World

Quando eu saí do avião da KLM, passei por aquele "tubo" (me senti criança novamente, só que com malas e barba mal-feita) e pisei, de verdade, no Schiphol, eu fiquei parado. Perdi completamente a noção do tempo.

Eu olhava para o aerporto, mas não enxergava nada. Eu sentia um misto de felicidade, medo, conquista, desejo, raiva...Eu quis tanto viver aquilo, aquele sonho...pisar na Europa. Eu fiquei mudo. E chorei. Pela primeira vez, em toda a trajetória desse intercâmbio, eu chorei. Chorei como um bebê, soluçando e andando em direção à imigração. Era impressionante como eu não conseguia falar nada. Lembro bem de um texto do Fernando sobre o apagão linguístico que ele teve ao chegar no aeroporto de Frankfurt e posso dizer que foi exatamente isso que aconteceu.

"Eu: dsfsfsafsdafsdsfa - tentativa frustrada de falar inglês -
Guard: Do you speak English?
Eu: ?"

Quando me recompus e consegui chegar na imigração com todos os documentos e a conversa com o holandês simpático foi:

"Dutch: O que você veio fazer aqui?
Eu: Estudar.
Dutch: Onde e por quanto tempo?
Eu: Universiteit Utrecht (arranhando meu holandês) e por um ano.
Dutch: Boa pronunciação! Você vai adorar Utrecht, é uma cidade muito legal. Aproveite sua estadia aqui!"

*carimbo*

E foi isso. Eu passei pela imigração, estava legal, na Europa. Saí, fiquei louco procurando a minha bagagem com a tag e passei pela alfandega ("nada a declarar, seus gostosos").

Cheguei na Europa. E eu tinha toda certeza e incerteza do mundo comigo naquele momento.


Oh, brave new world,
That has such people in't. !

domingo, 16 de setembro de 2012

The Climb #3

Eu nunca tinha viajado de avião.

Eu tenho um medo de altura razoável, mas que foi superado graças a 3 anos de estudo na Fiocruz, o que me fazia ter que atravessar aquela "passarela" (em péssimo estado e que balançava como um pula-pula) todos os dias.

A despedida no aeroporto foi aquela coisa: toda a família buscapé reunida, mamãe se desfazendo de tanto chorar e eu me sentindo culpado. Culpado? Por quê? Simples: eu não estava triste. Eu amo meu país, amo minha cidade e minha família, mas aquilo, para mim, naquele momento, não significava muito. Eu estava, finalmente, realizando um dos meus maiores sonhos: não apenas viajar na Europa, mas MORAR lá.

Em um país que eu sempre tive simpatia. Eu não estava meramente indo estudar, eu estava indo estudar na MELHOR universidade holandesa, top 50 do mundo, top 10 na Europa. Era o meu sonho de, finalmente, ter a oportunidade de estudar em uma instituição de ponta. Era o meu sonho de conhecer onde a cultura ocidental que hoje impera (?) começou, conhecer o berço dos artistas e pensadores que você ouviu falar a vida inteira.

Eu estava excitado. E assim que o avião acelerou rumo à Amsterdam e eu fui vendo meu Rio ficando cada vez menor, fui vendo os quarteirões e cidades tornando-se apenas pequenas luzes. Até que em um momento, não via mais nada. Apenas a noite do Oceano Atlântico que, ainda sim, era maravilhosa, com a Lua lá, enorme, olhando pra mim.

Mais lindo ainda foi ver as nuvens de cima e depois testemunhar o magnífico encontro das terras francesas com o mar. Observar os mosaicos que as fazendas fazem, o pasto e, finalmente, as terras molhadas. Os lagos, os diques, os canais.

Schiphol. Amsterdam.

Dames en heren, willen we melden dat onze aankomst in de luchthaven Schiphol zal plaatsvinden in 5 minuten. Maak uw riemen en danken u voor uw voorkeur voor KLM.

Ladies and Gentleman, we would like to announce that our arrival in the Schiphol airport will occur in 5 minutes. Fasten your belts and thank you for your preference for KLM.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

The Climb #2


Uma parte razoável da história vocês já sabem.

Enquanto eu corria por fora para meu intercâmbio na Holanda, eu também investia em outras áreas, fazendo entrevistas para indústrias farmacêuticas multinacionais. Nesse meio tempo, fui selecionado para ser estagiário na área de Desenvolvimento de Produtos, em uma indústria alemã. Era a indústria que eu mais tinha sonhado em trabalhar desde que comecei a procurar estágio.

Enquanto as dificuldades da Holanda cresciam, com uma grande desorganização e falta de articulação entre o CNPq, a Nuffic (parceiro responsável por intermediar o contato entre as universidades holandesas e o CNPq) e as próprias universidades, eu me encontrava no meu trabalho. Apesar de, em pouco tempo, se tornar claro que não seria a área que eu gostaria de trabalhar por toda a vida, o que eu aprendia ali, naquele momento, me consumia e me preenchia de uma maneira inacreditável.

Além, claro, do meu apego às pessoas. Eu me apego muito fácil, então, se tornava cada vez mais difícil uma possível escolha entre continuar lá e ir pra Holanda. Mesmo com muitas dificuldades, as barreiras foram se tornando mais brandas e caíram, uma a uma, diante da minha persistência. Primeiro, o teste de proficiência em Inglês, língua na qual meu conhecimento foi todo oriundo de autodidatismo, depois o contato com as universidades diretamente, um turbilhão de problemas, CNPq e seu reconhecimento de firma, enfim.

Tudo e, absolutamente, tudo, passou. Após a resposta positiva, começou a luta para os preparativos da viagem: conversão para euros (veja que piada: o CNPq depositou os valores iniciais com a cotação comercial, mas nós só podemos comprar com cotação turismo. Resultado? Perda de ~€300-400), arrumar a bagagem, entre outros.

Ainda havia o detalhe de eu nunca ter andado de avião.

E minha primeira viagem, direto para Europa, seria de longas 11:15h...

sábado, 8 de setembro de 2012

The Climb #1

É irônico.

O nosso destino é muito irônico. Algumas vezes, para o que nós julgamos ser o melhor e, outras, para o que julgamos ser o pior. Há um pouco menos de um ano atrás, eu vivia a frustração de não poder participar de um processo seletivo da minha universidade para estudar em Portugal por um ano. O porquê? Uma das exigências era de poder se bancar, sem ajuda de custo para nada, durante esse período.

Obviamente, eu não podia. Tentei viabilizar algumas formas, mas todas fracassaram. E, assim, vi meu sonho, de estudar fora, de conhecer a Europa, se afastar ainda mais. Até 2012. Até o momento em que eu defini para mim que não podia ser assim. Eu sabia que existiam bolsas que eu poderia fazer uso. Devia ser, de alguma forma, possível para mim...também.

Uma amiga participou de um processo para Portugal, em outro programa e, dessa vez, com bolsa. Foi aprovada. Lembro perfeitamente do convite que ela me fez a participar também, me incentivando. Eu tive preguiça. Tive soberba ("Não quero ir para Portugal, falar português. Quero aprender uma nova língua, ir para um país que é melhor, de verdade", pensei).

Quando ela foi aprovada, quando ela me ligou contando, eu fui inundado por dois sentimentos. O primeiro, a alegria, a felicidade por realizar, de alguma maneira, meu sonho em outra pessoa, tão próxima. O segundo, porém, foi um sentimento menos nobre. De inveja, não de estar no lugar dela, mas de não ter tido o mesmo discernimento e ter agarrado a oportunidade. Como ela fez.

Por coincidência, uma ou duas semanas depois da resposta da minha amiga, enquanto eu estava lendo o site do G1 para que meu cérebro não derretesse, eu vi o anúncio do 3º edital do Ciência sem Fronteiras (Science without Borders). Comentei com a minha atual chefe e ela disse: "Tenta".

Essa foi a primeira pedalada rumo a um desconhecido que eu jamais acreditei ser possível...para mim.



quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sonho

Dear Guilherme,

Today I’ve received the final list with students who will receive a SwB Holland scholarship.

The official communication on granting the scholarship to the student will be done by the Brazilian partner CNPq and will occur around 22 June. However to start up the VISA procedure I’m allowed to informally and indirectly notify the students involved of the result.

Congratulations! Your name is on the list. Now you can fill in the VISA application package I’ve already sent you about two weeks ago.

Please, take care of this as soon as possible. We’re already late!

Kind regards,

A escolha foi feita: Holanda, aí vou eu!

terça-feira, 22 de maio de 2012

Escolhas

Em breve, terei que fazer uma escolha muito importante.

Sabe, existiram poucos momentos na minha vida em que eu tive que fazer uma escolha dessa magnitude. A primeira deles foi quanto tinha 14 anos, e fui aprovado pra IFRJ-Química (antigo CEFETEQ, antiga ETFQ) e para Fiocruz, no ensino médio. A segunda, foi quando fui aprovado para todas as universidades públicas do Rio e ganhei 100% na PUC.

Foram escolhas extremamente dolorosas de se fazer, mas ao mesmo tempo, foram escolhas maravilhosas de se fazer.

Se tudo der certo terei que fazer uma escolha ainda maior, no próximo mês.

E, sinceramente? Não sei se estou preparado.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Chasing Pavements #2

Sabe, hoje foi o meu primeiro dia de trabalho. E foi praticamente perfeito, como um 1º dia de trabalho tem que ser.

Lembro perfeitamente da primeira entrevista mal sucedida ano passado, do meu encantamento e, principalmente, depois do meu último fracasso, como foi irônico eu, passando pela empresa, sentado na janela do ônibus e tocou Chasing Pavements no celular. Como aquela música doeu, cheia de verdade sobre a minha busca inútil, infrutífera.

Eu acho que nunca estive tão certo ao estar errado. Nunca estive tão certo de que estava tentando algo impossível, improvável, inalcançável. Mas eu optei por continuar seguindo por caminhos vazios...

Que, no fim, não eram nem um pouco vazios. Estavam cheios...dos meus sonhos. E eu agarrei. Por mais que seja breve, por mais que seja efêmero. Por mais que sejam alguns meses, dias, horas.

Meu sonho está na minha mão agora. E eu nunca segurei com tanta força algo na vida antes.

sábado, 28 de abril de 2012

IELTS

Hoje fiz o IELTS. Eu não pude estudar o quanto queria, ainda estava me sentindo bastante despreparado e fiquei muito inseguro. Além de tudo, acordei com um pouco de dor de garganta e diarreia. Mas fui assim mesmo, dei uma olhada em algumas coisas, mas não estudei sério antes da prova.

Cheguei com uma hora de antecedência para o meu speaking, mas parece que foram minutos até a minha vez. Cheguei super nervoso, inseguro, mas a examinadora foi super gentil e me deixou bem à vontade para começar. A conversa fluiu e depois que ela desligou o gravador ainda conversamos um pouco.

O bom desses lugares é que as pessoas são muito solidárias e simpáticas, porque está todo mundo na mesma situação: tinham toneladas de gente desesperada porque tinha passado em outro edital do CsF e não tinha conseguido a nota, então o governo foi e pagou para eles terem uma segunda chance. Conheci bastante gente legal e me que ajudou a relaxar bem mais pro listening-reading-writing. O listening me pegou, como eu já imagina, reading acho que fui ok e no writing saí com a sensação de que poderia ter ido melhor, por conta do tempo.

Porém, o melhor disso tudo é que, independente do resultado, estou muito satisfeito comigo mesmo. Fiz o meu melhor e agora não depende mais de mim. As coisas estão se ajeitando.

Sou o novo estagiário de uma multinacional alemã.


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Nothing Comes Easy

A tempestade está passando. Se tudo der certo, recebo a resposta final essa semana dos exames de sangue e minha admissão na empresa que eu mais sonhei em trabalhar estará completa.

A resposta das universidades holandesas também tem sido, em geral, positiva. Recebi uma bomba de ter que escrever uma carta de motivação até sexta, já procurei alguns modelos, escrevi e devo revisar amanhã para enviar sexta. Tudo na correria, como tudo que depende do governo.

O IELTS é sábado agora, dia 28/04, e estou com a sensação de que não estudei o suficiente ou o quanto deveria. Estou nervoso e inseguro, preciso de 6.5 para uma aceitação fácil nas Universidades Holandesas. Estou cansado.

Mas já estou acostumado. Nada vem fácil para mim, nunca veio. Continuo correndo na frente.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Chasing Pavements

(Sim, sumi, não me critiquem, continuo lendo e amando vocês).

Agora estou vivendo um momento fundamentalmente de: correria.

Fiz duas entrevistas para  grandes multinacionais europeias. Mais uma vez, não rolou.

Resolvi investir em um programa do governo, Ciência Sem Fronteiras, para a Holanda. Basicamente, uma hora eu preciso, outra hora não preciso entrar em contato diretamente com a universidade holandesa de escolha (estou visando bastante a de Utrecht). Parece que a vencedora é a positiva, mas ainda vamos aguardar.

Está tudo tão difícil: tenho que fazer horas extras no atual estágio porque uma chefe foi demitida e a outra estagiária vai sair; tenho que estudar pro IELTS que é dia 28; tenho que fazer trabalhos extras para juntar dinheiro para os custos operacionais do intercâmbio; tenho que estudar para as provas e trabalhos da faculdade etc.

A grande sensação é uma falta de ar, de tempo, de disposição para fazer isso tudo. Mesmo assim ainda voltei para a academia hoje, o que vai me tomar mais tempo, mas pelo menos é um investimento em saúde.

O problema é que diante de tanta coisa indo contra ou dos pesadelos passados, eu me pego pensando se não estou lutando tanto por algo que está fadado a dar errado. Se não estou colocando energia demais em algo que não vai dar certo de novo.

Chasing Pavements...que não levam a lugar algum.


sábado, 21 de janeiro de 2012

A Metáfora dos Fogos

*23:59:59, início dos fogos na praia de Copacabana. Dois amigos estão próximos, um deles dá sinais de choro e o outro o abraça e, com os rostos colados, lado a lado, diz*

- A vida é como os fogos, sabia?
- ? *enxuga as lágrimas*
- Você percebe a beleza dos fogos? Você esperava algo bonito, porque a sempre espera algo bom, mas você esperava algo tão bonito? Você esperava que houvessem tantas possibilidades de direções dos fogos? Cada fogo é uma oportunidade que você tem. E cada oportunidade tem milhões de novas possibilidades que você quer.
*começa a chorar de novo, porém, sorrindo*
- Você vê como são de várias cores? Vê quantas formas a gente tem de ver as situações que acontecem? Vermelho, amarelo, azul...Vê quanta coisa a gente deixa escapar?
*a chuva aperta e ocorre uma breve pausa nos fogos*
- Às vezes, parece que nada anda, que nada acontece. Que a gente não consegue progredir. Que não fazemos nada certo. Nada certo nunca. Nunca está certo ou bom o suficiente.
*explodem fogos ainda maiores e mais brilhantes*
- E aí acontecem coisa que nunca imaginávamos. Só pra nos lembrar o quanto temos que investir na gente, nos outros, no mundo. Que nada está perdido, que nada está errado. Que tudo teve a sua função de abrir seus olhos hoje. Seus olhos nunca estão tão fechados quanto ontem e nem tão abertos quanto amanhã. É isso que dá esperança, que dá a força de viver. Saber que a gente progride. E as coisas melhoram. E podemos ser quem nós somos, sem medo, sem frustrações.
*últimos fogos começam a explodir até que finda a queima dos fogos de Copacabana*
- A vida é isso, imprevisível, mutável, bela e tocante. Como a gente.
*Um sorriso e um beijo. Daqueles mais sinceros que a gente pode dar. E receber*